segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Sabe, decidi me aquietar...rs... podem me procurar de vez em quando em outro blog...rs...

http://marceloeomundoaoseuredor.blogspot.com/

Vou deixar esses posts por aqui... sem apagar o endereço...

Abração!

Fui...

Vocês podem me acompanhar no Twitter...

www.twitter.com/celocastaneda

Cedi aos encantos do microblog, instantaneidade e deixei este espaço...

Um abraço!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Tenho aproveitado pouco esse espaço aqui. Será que a mente não anda mais tão inquieta? Talvez...

Quem sabe não é hora de mudar de nome deste blog? Como eu mudo de e-mail, seria o quarto nome de blog... já teve [Desconstrutora de Nós], [Expresso Castañeda] e agora esse... mas não devo mudar não...

A mente continua inquieta, mas já não incomoda tanto mais, tô mais "na minha", será a idade ou maturIDADE? Sei não, mas me sinto melhor comigo (assim, quem sabe, devo estar melhor com os outros, mas isso só vocês é que podem perceber, mas não precisa me dizer, pois estou me sentindo bem comigo e é isso que me importa...).

Mas acredito que minha baixa postagem aqui seja reflexo da minha participação (um pouco mais) expressiva no Twitter. O fato é que troco o blog pelo microblog e aí não tenho mais tanta disposição de desenvolver longas postagens...

Mas hoje me lembrei deste blog, já não ando mais tão crítico, tô falando mais de mim mesmo por aqui, e eu não sou tão interessante assim (penso eu).

Vou voltar mais nos dias em que esteja inspirado...

Uma boa noite... (antes era bom dia...)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Em Nova Friburgo, diariamente...

Tenho procurado acordar e caminhar, criar uma rotina para que não fique tão monótono estudar o dia todo (e como tenho estudado com vontade!), pois ficar sentado o dia todo, lendo e escrevendo, é fogo, deixa uma tendência a barriga que me desagrada (além da saliente que carrego).

No fundo, nunca me importei muito com aparência, sempre fui do tipo gordinho. Mas de uns tempos para cá venho me atentando para a saúde, afinal não sou mais nenhum garotinho...

Em Nova Friburgo, meia dúzia de professores vaiaram o governador quando esteve aqui. Eita categoria desunida esse que devo pertencer (ou já pertenço e não me dou conta...). O protesto valeu, deixou o governador irado e o prefeito surtou...

Na semana passada, mega operação prendeu policiais envolvidos com roubo de carga, mas e os empresários que vendiam essas mercadorias? Alguns poucos foram interceptados, mas seriam apenas eles?

Enfim, minha vida hoje é caminhada matutina, leitura diária de algum texto da bibliografia de seleção do doutorado, encontrar namorada à noite,voltar para casa e dormir... eita vidinha mais ou menos que adoro! Tá funcionando assim, nada pra reclamar não!

Até!

sábado, 12 de setembro de 2009

mais sereno, menos incomodado

As pequenas pedrinhas no caminho podem causar desastres maiores que as grandes montanhas que nunca vão desabar sobre nossas cabeças: um escorregão e temos um pé torcido e muito mais dor do que se fossemos esmagados por uma montanha em nossas cabeças.

"Atenção! Tudo é perigoso, tudo é divino maravilhoso!"

Com os riscos e perigos cada vez mais imprevisíveis do mundo de hoje, precaução, canja de galinha, nunca é demais.

Tô estudando a rodo, lendo a beça, escrevendo mais ainda e apredendo muito mais, tenho curtido esse aprendizado. Também fiz campo essa semana, sair da toca me ajuda demais.

Caminhadas matutinas aliviam o stress de carga indiscreta de estudos, falta pouco para a prova do dia 23, tenho que me preparar de todas as formas e o corpo físico é parte disso.

Enfim, serenidade é processo e manutenção. Hoje em dia evito provocar e rebater provocações, me sinto melhor assim. Se eu estou incomodado com algo, procuro a minha parte no incômodo e logo ele passa.

Vamos que vamos, nonsense, seguramente faz mais sentido para mim do que para que lê...

sábado, 5 de setembro de 2009

Já com a idade de Cristo, vivendo um dia de cada vez, aprendendo...

Venho aqui apressadamente não deixar o blog morrer desatualizado, que ele morra atual, cassado, impedido, mas não de minha complacência, tendo em vista que não será cassado ou impedido com o conteúdo atual no território livre da Internet, que tentam e não conseguem controlar da forma que quem quer controlar pretende.

Esta é uma postagem relâmpago, uma torrente de idéias que se manifesta do cérebro para o teclado e, daí, para a tela em minha frente.

Completei 33 anos de vida faz uma semana, tô me curtindo na idade de Jesus e me preparei com cabelão e barba para este momento (à semelhança da imagem ocidental daquele que deu sua vida pela nossa vida, apesar de não acreditar nisso, nada me impede de me utilizar da representação que fazem do sujeito Jesus). Tô no lucro, fazendo hora extra neste planeta.

Mas hoje, vivo um dia de cada vez, até porque ainda não consigo viver o dia de ontem (posso sofrer por ontem, mas viver é meio difícil, pois ele não existe mais, só existe hoje) muito menos o de amanhã (continuo acreditando que o futuro se cria hoje!).

Daí, na atolação de leituras para tentar o doutorado, entre acompanhamentos de compras e preparo de alimentos orgânicos, consigo ainda manter uma relação (que fica cada vez melhor) com minha namoradona cada vez mais amada e considerada, a família já me entende desse jeito aparentamente distante e isolado, mas de olho em tudo.

Vida que segue, hoje venho consiguindo estabelecer objetivos factíveis e colocar ação para realizá-los. Sim, porque, só por hoje, ninguém vai passar na seleção do doutorado por mim, nem fazer o trabalho de campo e escrever a futura dissertação de mestrado, nem namorar Maria Cândida (nem pensar!), nem conviver com minha família, só eu mesmo... hoje, pois como já cantava Chico: "amanhã vai ser outro dia"!

Até!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Tempo passa, idade nova chegando, tudo rolando...

Faz tempo que não pinta coisa nova aqui. Logo, vou chegando devagar de novo neste espaço. Prestes a completar meus 33 anos de vida na sexta, tô tranquilo com o fato de me igualar a idade de Cristo quando foi crucificado. Não tenho medo disso, afinal os tempos são outros e até mesmo tenho dúvida se sou cristão, ou apenas cristão...

Mas muita água rolou debaixo da ponte chamada vida desde a postagem do último dia 5. Gonzaguinha canta como é "bonito quando a gente pisa firme nessas linhas que estão nas palmas de nossas mãos"... e é assim que me sinto nesses tempos de atualmente.

Este mês de agosto foi de muita ralação, consegui configurar meu projeto de pesquisa para a seleção do CPDA, eu curto o CPDA, gosto mesmo de lá, tomara que consiga passar. Por decidir pesquisar um tema novo para mim, tive que ralar bem para chegar neste projeto. Como ainda não o enviei, tudo ainda pode mudar. E passando para o doutorado, aí é que pode mudar mesmo. Mas me importa o esforço e dedicação que empreendi, tentando serenidade e conseguindo na maior parte do tempo.

Neste mês de correria, meu namoro ficou uma graça, e é tão bom quando a relação que temos fica bem, né? Dá uma paz, uma tranquilidade danada.

Ao mesmo tempo, vou agitando meus consumidores de alimentos orgânicos em Nova Friburgo para terminar meu campo que já está mais que terminado, mas essa mania de perfeição me persegue.

No mais, muita música, dá-lhe Chico, Caetano, Moska, Lenine, Ivan Lins, Simonal, entre outros tantos para tocar o barco sem virar...

É isso, tô de volta! Devagar e sempre, muito pé no chão...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Semana corrida, agito e filme bom...

Na semana passada, rolou o XIV Congresso Brasileiro de Sociologia, 15 minutos de "fama" para apresentar um paper, um absurdo de não ter um projetor data show (digo absurdo pelo valor da inscrição...). Mas sem querer reclamar de tudo, que não faz mais tanto meu estilo, conheci pessoas bacanas, interessantes, revi algumas outras que já nem lembrava mais, além de estreitar relações com pessoas muito queridas. No final das contas saiu legal.

Na quinta fui a um Open House de um amigão de infância que virou mestre-cervejeiro, foi bacana ver como não estou tão gordo quanto poderia estar...

Na sexta, um festão "de protesto", pois além de caro, o dito congresso ainda programou um baile, igualmente caro. Sendo assim, a galera menos abastada programou uma festinha na Gafieira Elite, o que deve ter sido bom para ambos (abastados e não). Dancei a beça, como a há muito não fazia e, sinais da idade, só fui me recuperar plenamente no final do domingo.

Semana começou, ansiedade e desespero para iniciar a escrita do meu projeto para o doutorado, que foi serenando de segunda para cá...

Ontem, um filminho despretencioso com a namorada, fui surpreendido. Recomendo Intrigas de Estado, especialmente para os jornalistas (atuantes, em formação e aqueles que pretendem ser). Uma produção bem próxima dos dilemas profissionais na prática e das disputas de poder mídia-estado.

No mais, sem tempo (ora, se estivesse sem tempo não escreveria e "sem tempo" a pessoa está morta...), um bom dia para todos!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Eu gosto é dessa atarefação com "falta" de tempo...

Tempo se inventa! Aprendi isso.

Envolvido em um monte de frentes - algumas sinérgicas, outras nem tanto - minha vida atualmente consiste em administrar meu tempo a cada dia que vivo, tendo em vista que, humano que sou, não posso dar conta de tudo que me compromete, quero ou tenho que fazer.

Então, vou fazendo o que consigo. Até mesmo postar aqui se tornou legal. O fundamental hoje, para mim, é fazer as coisas que preciso fazer para me sentir bem, seja ler um texto para a prova de doutorado, pensar em um grande projeto, acompanhar as refeições de consumidores de alimentos orgânicos para ir um pouco mais além na minha dissertação de mestrado, passar bons momentos com a namorada que continua apaixonada (assim como eu! Nessa área, a reciprocidade é importante a beça, senão desaanimo...), dar conta da sociabilidade familiar e das dificuldades que vem quando vamos ficando mais velhos e um pouco responsáveis (com o tempo, cada vez mais) com aqueles que me viram nascer e crescer, conseguir manter relações de amizade e coleguismo (e até ampliá-las...), entre outras tantas coisas que faço e não me vem na cabeça.

Enfim, hoje, e só posso falar desse sentimento que sinto agora (amanhã pode não valer, aliás, amanhã posso nem mesmo existir e estar aqui para escrever algo), um sentimento de estar gostando de viver a vida que vive, sabendo que não tenho a grana que gostaria de ter na minha conta bancária, mas tendo o que me permite fazer tudo que venho fazendo. Me sentindo mais amigo daqueles que gosto, mais companheiro de quem amo, mais que algum tempo atrás.

Acima de tudo, me importa demais saber que vale o dia de hoje, que não deixo mais nada para amanhã, pois amanhã é um outro dia.

Mesmo com planos e projetos futuros, todos eles começam com ações que pratico hoje. Penso "o que vou fazer hoje?" quando acordo e vou fazendo... isso vem funcionando para mim, para não me angustiar tanto (ainda me angustio...), para dar uma segurada na ansiedade de viver (e ainda sou muito ancioso...).

Enfim, me ajuda a viver dentro das possibilidades que este nosso mundo apresenta para a trajetória de vida que trilhei até este momento, que vai passar logo ali na frente! Afinal a minha maior esperança é de que amanhã, meus olhos se abram e eu pense: "hoje é o que vale, vamos viver...".


sábado, 18 de julho de 2009

Festival de Inverno

Valeu a pena ter assistido ao Flávio Venturini no palco da ilha no Nova Friburgo Country Club. Ele começou só com uns vinte minutos, no máximo meia hora, de atraso (o horário previsto era 22hs). O show foi bem legal, eu gosto do estilo e tal...

Até aí nada, isso se não estivesse marcado para 20hs o grupo Tom sobre Tom (que começou a tocar às 21:45 - a pergunta: pq tanta demora?); bem como o Edu Quintanilha, previsto para 21hs, ficou para depois do show principal (que terminou meia noite e meia...) e seria seguido por outra atração local, o grupo "As fulanas".

Logo, ficou a sensação de que o pequeno atraso do show principal reflete uma falta de espaço para os grupos locais, que foram extremamente desprestigiados, assim como o público que chegou mais cedo para assistir a toda a programação anunciada.

Também achei que estava vazio (como parâmetro, estive no mesmo espaço em 2003, assistindo ao show de Milton Nascimento, que tinha participação da Maria Rita na época...). Acredito que esse esvaziamento tenha sido em decorrência da divulgação "em cima do laço"...

Outra coisa que me chamou atenção, foi a desorganização do bar, que foi mencionada pelas atendentes da casa de shows que estava cuidando da venda de bebidas e quitutes. "Tudo em cima da hora não dá certo", me repetiram nas duas vezes que fui comprar uma água...

Enfim, este é o único show que pude assistir, não vou mais porque viajo esta semana (queria muito ir no Jorge Aragão e na Maria Rita, mas nem tudo que queremos, conseguimos fazer, né?). Espero que a programação seja cumprida nos próximos dias, minimizando os atrasos e organizando melhor os serviços, principalmente em respeito ao público que está prestigiando o evento.

Um abração e bons shows para quem estiver com disposição de aguentar a friaca...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Caminhada matutina diária...

Se me faz tão bem, por que não faço todo dia? Eita, queria tanto ter uma resposta convincente, que justificasse o fato de eu não caminhar todo dia. Mas a preguiça talvez seja a causa mais sincera que posso encontrar.

Mais um começo de dia, daqueles que acordo animado, caminho e agora devo planejar o período de hoje até final de setembro que envolve pelo menos duas frentes, diferentes, mas complementares. Haja fôlego, mas são as minhas escolhas. O máximo que vai acontecer e não conseguir realizar nada, se bem que acho meio difícil, pois no final sempre consigo e hoje em dia não tá rolando nem mais aquele desespero e ansiedade. Tô simplesmente fazendo, vivendo, curtindo o que me proponho a fazer e crescendo com isso, o que é melhor ainda.

Enfim, mais para comunicar este alto astral que se abate sobre mim, queria tanto que fosse assim sempre, mas fico feliz que venha sendo na maior parte dos momentos ultimamente. Aí o baixo astral e a depressão fazem até bem, para saber que não estão comigo sempre, só bem de vez em quando...

Penso positivo mesmo quando tudo em volta tenta me dizer o contrário, e olha que a vida vem me apresentando boas surpresas, então pra que negativar tudo? Vou curtir! Hehehe

Bonjour (ainda tenho que aprender francês...ai ai ai ai)!

sábado, 11 de julho de 2009

Uma manhã em Laje do Muriaé...

Laje do Muriaé é uma cidade que deve ter algo entre 10 e 15 mil habitantes, antigo grande produtor de arroz (aqui rolava o Festival do Arroz nas antigas). Eu passava minhas férias nesta cidadezinha, onde meu pai nasceu e meus avós e alguns tios e primas moram até hoje. Tenho até uma prima vereadora, tudo bem que sequer a encontro quando venho rapidamente das últimas vezes.

Em Laje vivenciei um contraponto bacana com o meio urbano, pois era frequente que até meus 11, 12 anos passasse boa parte das minhas férias de final de ano aqui. Para se ter uma idéia, a cidade ostenta um dos cinco piores IDHs do estado do Rio de Janeiro, além de um ambiente semi-árido e um calor perto do insuportável no verão.

Trata-se de uma cidade "pobre", aparentemente sem alternativas para uma juventude que predomina. Logo, pode ser até um bom local de estudo para meu projeto de doutorado. Daqui a pouco vou percorrer algumas lan houses daqui para saber mais no pouco tempo em que estou aqui.

Ontem cheguei e pude estar com meus avós, hoje também. Sinto falta desse momento-família tão raro hoje. Logo, procuro curtir os momentos. Meu avô está bem na altura de seus 91 anos, já quase não enxerga, mas aparentemente tem bons "níveis" indicadores de saúde. Claro que está velhinho, mais fraco, mas continua super ativo, falante e adora quando estou aqui e eu adoro quando me dou o direito de estar com ele.

Pela manhã, depois do café, fui caminhar com meu pai, algo também incomum no nosso dia-a-dia, apesar de estar morando com ele e minha mãe quando estou em Friburgo. Foi bacana curtir os 6 Km de caminhada no caminho da roça, papear e tal.

Quando retornamos, estava um alvoroço só a casa dos avós, meu tio, sua esposa e filho, minha prima com o último rebento (possessivo ele...), minha tia (mãe da prima). Minha mãe preparando o almoço por exigência do meu avô. Apesar de eu ter me proposto a fazer o almoço, ele desconfia que eu não entendo nada de cozinha e eu morro de rir...

Fico bem, reconheço e me identifico com minhas raízes e, redescobrindo, sigo com mais firmeza o caminho que as linhas das palmas da minha mão me destinam... um dia de cada vez! Pois é assim que funciona, para mim...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Vivendo hoje e nada mais...

Antes de dormir já era hoje...

Essa criação humana chamada dia, que pertence ao reino construído do tempo. Existe, claro! Mas é construção mental coletiva pura!

Viver agora é difícil demais para mim, pois assumo (no passado) compromissos comigo mesmo, que me prendem hoje, por achar que no futuro (que não existe, ainda, pois depende de hoje) eu não conseguirei cumprir se hoje eu não pensar apenas nisso que assumi como compromisso comigo mesmo no passado...

E ainda confundo isso tudo de confusão acima escrita com "foco", essa palavra tão bacana e corriqueira na contemporaneidade.

Tô escrevendo isso porque tinha um dilema (racional) que resolvi apenas ouvindo e deixando fluir o que sentia.

Meu avô por parte de pai tá bem velhinho, 91 anos, começa a apresentar uma série de problemas de saúde e tal. Meus pais vão visitá-lo hoje e voltam no domingo à Nova Friburgo. Eu estava em dúvida se ia ou não visitá-lo, pois na minha cabeça "planejada" iria apenas em outubro (e tá longe outubro, né?).

Tudo bem que eu não curta nada esse lance de doença e velhice com problemas (lances que todos, até eu que não sou imune irei passar...). Acho que lido melhor com a morte do que com o sofrimento de um ente querido, que me viu nascer, que cuidou de mim e tal.

Por que ficaria em Friburgo? Ah! Várias justificativas existem, todas plausíveis e moralmente nobres. Entretanto, tô tentando fazer diferente, comigo! Se fosse para alguma outra pessoa, tô fora! Mas é comigo!

Então decidi ir junto, tranquilo! Decidi antes de dormir naqueles momentos em que surgem as melhores idéias. Carrego o notebook, faço algumas outras coisas que puder fazer dentro do tempo que sobrar e me dou ao direito de curtir meus avós e alguns parentes mais próximos que moram em Laje do Muriaé, que está longe de ser o destino turístico sonhado por muitos nos dias atuais, muito pelo contrário.

De repente, me vem a mente agora, pode até ser um bom local para indicar em meu projeto de doutorado, ainda em fase de concepção. Olha só como escrever sobre mim mesmo me ajuda, mesmo sendo um bando de anônimos que visita este blog, quiça que lêem essas postagens?

É isso: vá com calma, mas vá! Sentido os momentos, vivendo agora porque é o que consigo sentir de fato!

Um abraço, bom dia a todos!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A brasileira se sente infeliz - uma entrevista...

A antropóloga Mirian Goldenberg detecta entre as mulheres de classe média um discurso de vitimização que não leva em conta suas conquistas - além de alimentar uma fantasia infantil sobre o homem provedor
Por: Eugênio Esber / Redação de AMANHÃ

Apesar da cordialidade e da entonação suave, a santista naturalizada carioca Mirian Goldenberg não foge da briga. Nem mesmo com quem acha que seu estilo não tem tanto a ver com os cânones acadêmicos. Ex-militante de esquerda nos anos 70, Mirian dirigiu sua verve crítica para as pesquisas sobre a cabeça da mulher brasileira, encarando temas como infidelidade com uma linguagem despojada para os padrões de uma doutora em Antropologia Social pela UFRJ.

A habilidade para se comunicar com um público heterogêneo faz de Mirian uma das estrelas do circuito de palestrantes - além, é claro, de uma bibliografia que inclui títulos instigantes como A Outra, Nu e Vestido, De perto Ninguém É Normal, Toda Mulher é meio Leila Diniz, Infiel: Notas de uma Antropóloga e O Corpo como Capital. Nesta entrevista a AMANHÃ, Mirian traça um paralelo intrigante entre brasileiras e alemãs, pesquisa que põe em cheque alguns valores das mulheres do lado de cá do oceano. Não deixe de conferir, agora, trechos da entrevista que não foram publicados na edição 253 de AMANHÃ - inclusive sobre a dificuldade que a brasileira tem de envelhecer, tema do seu livro Coroas.

As brasileiras estão voltando para casa?
Não acho que elas estão voltando para casa. O que está acontecendo no Brasil e em países como os Estados Unidos é que muitas mulheres estão voltando para cuidar da casa quando seus maridos ganham muito bem - o suficiente para os dois viverem tranquilamente. A mulher brasileira, diferentemente da mulher europeia, não abriu mão do seu papel de esposa e de mãe. Ela quer casar, ter filhos, constituir uma família, papel que na Europa muitas mulheres não desejam mais. Na Alemanha, por exemplo, 50% das mulheres não querem ter filhos. Elas investem muito no trabalho. Aqui, no Brasil, as mulheres querem conciliar o trabalho com a posição de mãe e esposa, o que é uma coisa muito complicada. A dificuldade de conciliar esses dois fatores tem deixado as mulheres brasileiras um tanto frustradas, tanto como profissionais quanto como esposas, mães e donas de casa.

A brasileira se impôs o desafio de ser uma supermulher?
A brasileira não faz o mesmo tipo de escolha de uma europeia. A alemã decide que ou fará isso ou fará aquilo. É algo como "ou eu vou ser mãe e criar meus filhos" ou "eu vou investir tudo na carreira". A brasileira, não. Ela quer isso e aquilo. A consequência é uma insatisfação feminina muito grande por causa de uma dupla frustração. Afinal, no mercado de trabalho elas não têm o mesmo prestígio, remuneração e poder dos homens. E por outro lado não conseguem ser mães e esposas em tempo integral. Diante desse quadro, algumas mulheres que podem exercer essa opção têm feito a seguinte avaliação: já que eu não estou tão satisfeita assim no mercado de trabalho, eu vou optar por ser mãe e esposa em tempo integral e depois eu sigo minha carreira. Mas eu não vejo um movimento tão massivo assim nessa direção. Não a ponto de dizer que a volta para casa é uma tendência. Pode até corresponder a um desejo feminino muito forte, mas não vejo isso efetivamente acontecendo em grande escala. Porque não seria um comportamento muito aceitável.

Quem não aceitaria?
Nem os homens nem a sociedade em geral aceitam. Os homens brasileiros já não querem bancar a casa sozinhos. Acabou aquele momento em que o homem era o único provedor e a mulher podia ficar em casa cuidando dos filhos. Eles não querem mais esse tipo de relação. E a própria sociedade cobra da mulher o trabalho remunerado. Há inclusive um certo estigma pesando contra a mulher jovem que se dedica inteiramente à família. Nem mesmo as outras mulheres aprovam... Por isso eu acho que só uma minoria das mulheres vai conseguir exercer essa opção de voltar para casa. Agora, no plano do desejo, da idealização, esse sentimento é muito forte.

Em que camada social esse desejo é mais forte?
Eu trabalho com mulheres das camadas médias. Minha pesquisa é com mulheres universitárias, que já se constituíram profissionalmente, que têm uma posição no mercado e que não vão parar de trabalhar, pois a independência econômica é importante para elas. Entre elas, o desejo de ficar mais perto do marido, dos filhos, aparece, sim, nas pesquisas que tenho feito. Existe uma certa fantasia, até meio infantil, do tipo "pode ser que eu encontre um parceiro que ganhe muito bem e aí eu possa cuidar dos filhos, fazer o que eu gosto, trabalhar em coisas em que eu não ganhe tão bem mas que me satisfaçam mais". Então ainda existe entre as mulheres, aqui no Brasil, uma fantasia do homem provedor. Mas está mais no plano da fantasia do que no plano da realidade das brasileiras de hoje.

Ainda que se trate de uma simples fantasia, não deixa de ser uma ruptura com um passado recente, quando as mulheres se lançaram em massa ao mercado de trabalho e se tornaram maioria em grande parte das empresas.
O que eu acho que existe é um certo paradoxo. As mulheres entraram com tudo no mercado de trabalho, mas não em posições muito prestigiadas ou que lhes permitam ganham muito bem. Elas estão em posições inferiores se compararmos com os homens. Claro, existem mulheres executivas, mulheres muito bem-sucedidas. Mas são exceções. A grande maioria das mulheres está em profissões de serviços, ou então como professoras primárias, enfermeiras, atividades em que elas não ganham bem e nem são muito prestigiadas.

Na comparação com as alemãs, alvo de sua pesquisa, como se saem as mulheres brasileiras?
Acho que esta comparação é bem interessante porque opõe dois extremos. Lá, na Alemanha, temos um tipo de mulher que valoriza a independência, a liberdade, a autonomia. Que pode ou não se casar. Que pode ou não ter filhos - para elas, tanto faz. E aqui, no Brasil, encontramos um tipo de mulher que investe muito na parceria amorosa, nos filhos, na família. Um dado curioso é que a mulher brasileira nunca esteve tão bem, como agora, em termos de educação, de trabalho, de qualidade de vida, de ser ouvida e respeitada. Só que, apesar deste bom momento, nas minhas pesquisas entre mulheres da faixa dos 40 anos eu encontro um discurso de vitimização. É o que eu chamo de miséria subjetiva.

O que é miséria subjetiva?
O discurso dessas mulheres gira em torno de duas questões: o homem (ou a falta dele) e a decadência do corpo.O que é que essas mulheres me dizem? Primeiro, aparece um discurso que é muito típico da mulher brasileira:"Falta homem no mercado", "os homens da minha idade não querem mulheres da minha idade, querem uma mulher muito mais jovem", "quando um homem se separa, imediatamente ele se casa, enquanto, para a mulher, é muito mais difícil encontrar um parceiro que a respeite". Esse é o discurso centrado no homem. Já o discurso feminino centrado na decadência do corpo traz muito fortemente percepções do tipo "meu corpo já não é mais o mesmo", "eu me tornei invisível", "eu não me acho mais uma mulher atraente", "não sou considerada uma mulher desejável". Esses dois discursos aparecem com muita força. É um discurso de vitimização. Eu chamo este fenômeno de "miséria subjetiva" porque, se você olhar para as conquistas da mulher que pratica esse discurso, verá que ela tem dinheiro, tem independência, ela está se realizando, está bem fisicamente. Mas ela não internaliza as conquistas objetivas como um poder... Já na Alemanha, eu encontrei a mulher poderosa - subjetivamente e objetivamente.

A brasileira se sente mais infeliz do que realmente é?
Exatamente. Há um descompasso entre o poder objetivo que ela tem, e o sentimento subjetivo de miséria que ela traz. E isso é cultural, é um problema da nossa cultura, que diz para as nossas mulheres que se elas não tiverem um homem, se elas não estiverem jovens, se elas não forem sexy, se elas não forem magras, se elas não tiverem filho, elas não têm valor nenhum.

Se o corpo é um capital, como você sustenta em um de seus estudos, qual é o valor deste ativo no mundo corporativo?
É muito grande, e não só para as mulheres. E você vê este fenômeno mesmo em profissões em que o corpo não seria um grande capital, como na de professor universitário, que é a minha atividade. O corpo não seria relevante, não deveria ser, mas é. As pessoas gordas, que não pintam o cabelo, que se vestem "mal", são permanentemente desqualificadas, desrespeitadas e deixam de conseguir alunos, convites para palestrar, parcerias... E tudo por causa da aparência. Por quê? Porque aqui se associa uma pessoa que não cuida do seu corpo a uma série de adjetivos negativos: diz-se que ela é preguiçosa, é desleixada. Uma mulher que não pinta o cabelo, não faz as unhas, não se depila permanentemente, é vista no Brasil como uma pessoa que não tem higiene. Na Alemanha, uma mulher não se depila, não pinta o cabelo, não faz as unhas. É dificílimo você encontrar um cabeleireiro na Alemanha para fazer escova. Aqui, se você não tem esses procedimentos que as mulheres brasileiras acham que são mínimos, você é considerada uma pessoa sem higiene. Então, esse ativo, o corpo, não é tão visível, ele não é dito, mas ele vale. Ninguém vai te dizer "eu não te convidei porque você está gorda" ou porque "você não pinta o cabelo". Mas a pessoa não é convidada por isso.

No dia-a-dia do escritório, o corpo pode significar, ou pode custar, aquela sonhada promoção?
Isso mesmo. Tem até pesquisas nos EUA mostrando que as pessoas altas ganham mais. Que os advogados que são mais altos e mais fortes têm salário superior ao dos baixinhos e carecas. Então, não é só com a mulher. Só que isso não pode ser explicitado. É óbvio que você ser inteligente, ter ideias, publicar mais, ao menos no meu meio, é algo mais importante do que o corpo. Mas a aparência vale muito. Tenho certeza de que se eu não pintasse o cabelo, se fosse gorda, os convites para palestras ou para falar na TV diminuiriam. Ainda que as minhas ideias continuassem as mesmas...

O corpo, como capital, é um valor universal?
Não é universal. Eu diria que é muito uma tendência norte-americana e latina. Na Alemanha, as mulheres são respeitadíssimas sem pintar o cabelo, vestindo roupas largas, não usando salto alto e maquiagem. Porque elas são respeitadas pelas ideias, pela personalidade, pelo charme, pelo carisma, e não pelo corpo. Até pega mal lá você investir demais no corpo. É como se você estivesse ociosa, gastando com seu corpo um tempo em que você poderia estar fazendo coisas muito mais importantes - estudando, trabalhando. A mulher que gasta muito com roupa, que investe em botox, plástica, para ter uma aparência sexy, não é bem percebida no mercado de trabalho. São valores opostos aos daqui.

Sob este viés europeu, a mulher muito vaidosa estaria desviando do foco realmente importante...
Exatamente. É o oposto do que acontece por aqui. No Brasil, se você não faz botox... Eu até brinco um pouco com esta nossa realidade de culto ao corpo no meu livro mais recente, Coroas. Ali eu mostro como as pessoas reagem quando você chega aos 40 ou 50 e não faz nenhum procedimento... Elas até estranham - mesmo você sendo uma professora universitária, mesmo você sendo uma psicanalista.... É como se você fosse responsável pelo seu envelhecimento. Você não estaria fazendo tudo o que poderia fazer para congelar sua idade.

A mulher, neste caso, passa a ser vista como alguém que teria abandonado a si mesma, perdido a autoestima?
É... A mulher estaria envelhecendo. E envelhecer é um estigma. Lá, na Alemanha, quando eu mostro as imagens de nossas mulheres de 50, de 60 anos, eles vêem mulheres congeladas na etapa dos 30. Porque todas aqui parecem ter 30. Mas esse congelamento, para eles, não é algo positivo. Afina, você congela o seu corpo, mas você congela sua maturidade, você congela sua experiência, você congela o seu comportamento. Quando você congela a sua imagem em 30, você não congela só seu corpo.

As brasileiras não sabem envelhecer?
Eu acho que elas têm muito mais dificuldade para envelhecer do que em se vê em outras culturas. Nossa cultura valoriza muito um modelo de mulher jovem e, eu diria, até infantil....

Infantil em que sentido?
Infantil no sentido de ser uma mulher voltada para o olhar do outro. Voltada para o objetivo de ser validada pelo olhar masculino. Não é uma mulher voltada para ela mesma, para o objetivo de ela se dar valor. A mulher brasileira é permanentemente movida pela busca da aprovação externa de um homem.

Ela busca a aprovação externa de um homem ou, predominantemente, de outras mulheres?
Dizem isso, não é? Que a mulher faz tudo para impressionar outra mulher.

Não é verdade?
Eu não vejo isso. Eu vejo que a mulher quer a aprovação, o desejo, o olhar do homem. Ela quer se sentir desejável, ela quer se sentir sexy, ela quer se sentir seduzindo. E isso ela não quer de uma mulher, ela quer de um homem.

No ambiente de uma empresa, neste país do culto ao corpo, os atributos físicos são de algum modo usados para se avançar na carreira?
Não dá pra dizer que todas as mulheres são assim. Inclusive porque existe aquela mulher que é um trator para competir e que não se distingue do homem. Esta não está seduzindo ninguém. Está competindo, e quer ser respeitada, e quer ganhar mesmo.

Mas o perfil trator não representa a média, representa?
Pelo menos no universo de mulheres que eu pesquiso não representa a média, não. Eu não pesquiso altas executivas, grandes empresárias. Eu pesquiso camadas médias - é a professora, é a psicóloga, é a cientista social, é a pessoa que trabalha em banco. Nesse universo que eu pesquiso, a brasileira se coloca como uma mulher que seduz e que quer também privilégios por ser mulher. Então, não quer competir tão violentamente, foge da briga, usa outros meios pra conseguir as coisas.

Inclusive usando esse ativo que é o corpo?
Exatamente. E nem sempre é o corpo sexy. Pode ser, também, o corpo infantilizado, aquele corpo de menininha que não pode ser agredida, que tem que ser protegida. As mulheres... Eu não gosto de dar exemplo, mas na TV você vê muito esse modelo de ser mulher.

É o discurso da fragilidade, da busca da proteção...
O discurso da fragilidade, da meiguice, que é um discurso que seduz, porque você acaba tomando mais cuidado com essa mulher, porque senão você acha que vai quebrar, não é? Então você vê aquele trator, mas você também vê essa mulher mais frágil, mais delicada, que eu não vi na Alemanha.

Está-se comparando mulheres da mesma condição social?
Sim, mulheres da mesma condição social. As mulheres alemãs são muito fortes, muito "poderosas". Elas não gostam do modelinho frágil. Não combina com a mulher alemã.

Esta avaliação se aplica ao plano político? O Brasil está tão preparado para governantes como Dilma Rousseff e Yeda Crusius quanto a Alemanhã para líderes como Angela Merkel?
Eu acho que a situação é muito diferente. É óbvio que a Angela Merkel também sofre discriminações. Como ocorre em qualquer lugar do mundo. Mas na Alemanha você tem uma cultura mais igualitária entre homens e mulheres. Porque lá, durante a guerra, enquanto os homens combatiam, as mulheres assumiram todas as posições masculinas. As mulheres não precisavam dos homens. Então você tem já tem uma história de p elo menos 60 anos de mulheres assumindo atividades masculinas.

Mesmo depois da guerra?
Sim, mesmo depois da guerra. Quando os homens voltaram, criou-se um problema, porque elas não queriam abrir mão daquelas atividades que tiveram de assumir enquanto eles estavam fora. Você vê que na Alemanha Oriental, hoje, me parece que 30% dos homens ficam em casa, cuidando dois filhos, e as mulheres vão trabalhar. Elas não querem aceitam ficar em casa cuidando dos filhos, elas querem trabalhar. O resultado, lá, é a existência de uma cultura mais igualitária, de mulheres que já não precisam provar nada. Aqui nós temos que provar permanentemente que podemos. Então é óbvio que o fato de ser mulher acrescenta um problema. Os homens também têm que ser competentes e tal, e também são questionados, mas a mulher tem que provar o tempo todo que pode... Ela não é vista como uma igual. Ela tem que provar que é uma igual. E tudo isso com outros agravantes, aqui no Brasil. Porque a Dilma teve que fazer plástica. A Yeda eu não sei. A Marta Suplicy fez quantas plásticas? A Dona Marisa fez quantas plásticas?

Na lógica do marketing político, uma plástica pode melhorar a imagem da candidatura...
O marketing político investe uma enormidade na aparência. Eu não sei se as candidatura delas ficariam comprometidas caso não fizessem plástica. Mas a expectativa é de que façam. Nesse ambiente, a gente acaba cedendo. E quando a gente cede, acaba reforçando a cultura do corpo. Então eu acho que aqui é mais complicado. Houve até uma pesquisa em que a primeira pergunta era "por que você votaria numa mulher? Quais os requisitos?". E os homens disseram: em primeiro lugar, ela tem que ser bonita. Claro, a Marina não fez esta concessão (cirurgia plástica), a Heloísa Helena não fez.... Mas é muito complicado, no Brasil, porque aqui a gente tem que provar o tempo todo nosso valor.

O valor do corpo...
O corpo é um capital. Se a gente não tiver esse corpo, nós temos mais dificuldade no mercado de trabalho. Não só no mercado de trabalho, no mercado afetivo, no mercado sexual, no mercado de amizades. E nós temos que investir, ainda, na família. Não podemos abrir mão disso, porque, senão há um problema, há um fracasso, há um estigma. Uma mulher que não tem um homem e vai entrar na política, a primeira coisa que se vai dizer a seu respeito é "Ah, mas qual é o problema dela?"....

Se é solteira, há um problema.
Se é solteira, as pessoas perguntam: por quê? Qual o problema? A mesma coisa aconteceu com o Kassab (Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, reeleito em 2008), não é? Na campanha, se invocou o estado civil dele. Quer dizer, se fosse casado e tivesse filhos, acabou o problema, acabou o questionamento... Aqui no Brasil é assim: quando você não tem uma família constituída, filhos, você é visto como um ser anormal, totalmente fora do desejável. Ainda não é vista como uma escolha legítima a opção de não se casar e de não ter filhos. Em outras culturas é legítimo, até desejável.. Tanto é que o governo alemão, e agora até o italiano, dão dinheiro para as mulheres que têm filhos. Dão uma mesada para uma mulher que tem filhos.

Nas últimas décadas teve início uma verdadeira ocupação feminina nos escritórios. Nos mais diferentes setores profissionais, a mulher se tornou maioria, inclusive rompendo tabus, como na atividade policial. As suas pesquisas e observações indicam que este fenômeno vai-se manter, se acentuar ou se inverter nos próximos anos?
Se olharmos para as últimas décadas, veremos que este avanço das mulheres foi maior em profissões com salários cada vez menores e com menos prestígio material. O jornalismo, por exemplo, era uma profissão completamente masculina e hoje é uma profissão muito feminina. Mas veja a desvalorização da profissão e do salário dos jornalistas. Então, as mulheres começaram a ocupar profissões que os homens não queriam: professora primária, enfermeira, psicóloga... Todas profissões muito associadas ao próprio trabalho da mulher dentro de casa. A entrada da mulher no mercado de trabalho foi por aí. Depois ela foi entrando em profissões que estão sendo desprestigiadas em termos salariais como, por exemplo, o jornalismo, além de atividades como a bancária, por exemplo. A mulher ocupou não somente postos de trabalho em que ela ganha menos que o homem como profissões em que se ganha menos.

E o que dizer da presença das mulheres em profissões bem remuneradas?
As mulheres ainda estão muito pouco inseridas em profissões de alto prestígio. Você poderia citar modelos, atrizes, apresentadoras de TV, em que corpo é mesmo um capital, e profissões em que se ganha bem. Mas são poucas as profissões em que a mulher ganha mais do que o homem. Quando acontece, é em atividades voltadas para o corpo, como modelo. Eu diria, então, que nós estamos muito longe, ainda, de ocupar posições de poder e de prestígio. Acredito, sim, que o caminho é esse. Mas desde que a mulher faça mais escolhas, e abra mão até de alguns papéis que ela valoriza muito. Porque quando a brasileira começar a dizer "eu quero, sim, ser diretora executiva da empresa tal", ela vai ter que fazer uma escolha diferente do que ela faz hoje..

Como assim?
É interessante notar que, em Medicina, as mulheres entram na faculdade com média superior à dos homens; durante toda faculdade elas têm médias superiores; e quando elas vão escolher a profissão, o homem escolhe ser um neurocirurgião e a mulher escolhe pediatria, dermatologia, anestesia. Então, eu acho que as escolhas da mulher ainda são muito em função dos outros papéis que ela quer conciliar, e aí isso tem um custo muito alto pra carreira dela. Então ela opta pela pediatria porque vai ter um horário mais tranqüilo, é um ramo menos competitivo, que não exigirá dela comparecer a tantos congressos nem fazer três pós-graduações...

Aquela obsessão de conciliar a profissão com papéis de mãe, esposa, dona-de-casa...
É. A nossa cultura faz com que a mulher veja um problema em abrir mão de outros papéis para realizar o sonho de ser, por exemplo, a neurocirurgiã número 1 do Brasil...
Já os homens podem ser tudo o que quiserem. Não precisam abrir mão de nada. Afinal, eles têm apoio dentro de casa. Então, eu acho que, enquanto o valor da família, do casamento, dos filhos, for tão fundamental para todas as mulheres - e isso é imposto culturalmente -, só raras exceções, entre elas, vão chegar lá, profissionalmente. Mas será que elas querem chegara lá? Eu acho que não. E isso eu vejo entre as jovens. Sou professora de meninas de 20 a 25 anos. Elas não parecem dispostas a abrir mão de ter filhos, não vão abrir mão de se casar, de ter família. Como vão chegar lá?

Você também desenvolveu estudos sobre infidelidade.
Meu livro, meu primeiro livro sobre esse tema se chama "A Outra". E dois anos atrás eu publiquei um livro chamado Infiel. Depois de 20 anos de pesquisas, eu criei um conceito que chamo de capital marital. Já que você está querendo falar de ativos, vamos lá. Eu, comparando as brasileiras na faixa de 50 anos com as alemãs da mesma faixa etária, vi que na Alemanha elas não falam de homens. Já do lado de cá, no Brasil, percebi que as mulheres aparentemente mais satisfeitas e mais felizes são aquelas que têm um marido, pois o mercado de maridos é escasso nesta faixa etária. Também notei que estas mulheres mais felizes, daqui, reportam que o marido é totalmente dependente delas. Eles ligam várias vezes por dia, não sabem fazer uma massa, não sabem encontrar nada dentro de casa. E na maioria das vezes o marido é o principal provedor dentro de casa. Ele ganha muito mais do que ela. Então, elas sem sentem duplamente poderosas: porque têm um marido, num mercado escasso, e porque eles dependem totalmente delas. Daí minha conclusão de que, no Brasil, o corpo é um capital, mas é um capital mas o marido é um capital mais valioso ainda.

Marido vale mais do que um belo corpo, mesmo?
Vale. Por quê? Porque mesmo as gordinhas que eu pesquisei se diziam felizes porque estavam com um marido há 30 anos... E, por outro lado, as m ulheres mais bonitas, mais jovens, mais bem-sucedidas que eu ouvi, me diziam ter inveja de outras mulheres nem tão bonitas ou bem empregadas porque não tinham um marido. Não tinham esse capital. Lamentavam, dizendo "eu nunca vou ter uma relação de 30 anos, porque já estou com 50".

E como fica a mulher que não tem o "capital marital"?
Percebi, nas minhas pesquisas, que quando uma mulher não tem o marido, que é o desejo mais profundo em todas as entrevistadas, ela atribui valor ao fato de ter um homem. Se ela não tem o capital marital, o amante também é um valor. Porque a pior coisa para uma mulher nessa faixa etária é não ter um homem. É a pior situação. Mas se ela tem um homem ... ela o considera fiel, porque é todo seu, e só está com a outra, com a esposa, por obrigação e por acomodação. Ela acredita que ele não tem relação sexual com a esposa, que ele não ama a esposa. Então, numa cultura em que ter um homem é um valor tão fundamental, para a mulher brasileira se sentir valorizada até um amante é um capital. E ela E ela constrói o mesmo tipo de discurso da esposa. "Ele é dependente de mim, ele precisa de mim, eu sou a relação mais importante da vida dele." Então, esposas e amantes nesse ponto são muito parecidas.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

É possível calar essas vozes? *

Países com regimes autoritários tentam, em vão, bloquear a internet, enquanto aprendem a usá-la a seu favor

- Rezar para hoje às 4 da tarde a Praça Toopkhane se transformar num mar de verde, na maior manifestação dos últimos 30 anos, Mousavi ESTARÁ PRESENTE (#)eleição iraniana

A mensagem, postada no Twitter na manhã de quinta-feira, é uma das inúmeras que surgiram com a Revolução Iraniana Versão 2009, em que o namoro entre os jovens da elite deste país e as mais recentes tecnologias da internet transformou o impasse de outro modo apavorante que se vê nas ruas de Teerã numa história prazerosa.

De fato, a revolução está sendo comentada em blogs, no Twitter, no Facebook - e não apenas em Teerã. O blogueiro Andrew Sullivan contribuiu para despertar todo este estardalhaço cibernético com sua mensagem datada de 13 de junho - "a Revolução será divulgada pelo Twitter?" - na qual ele dizia que a utilização dessa plataforma significa que "não dá mais para segurar as pessoas. Não dá mais para controlá-las". E depois que o Departamento de Estado pediu ao Twitter que adiasse a manutenção prevista para a semana passada, a fim de que esta linha de comunicação entre o Irã e o resto do mundo permanecesse aberta, um dos fundadores da companhia, Biz Stone, postou uma mensagem meio acanhada, quase congratulando-se consigo mesmo, no seu blog: "Nos faz sentir humildes o fato de pensar que nossa companhia, criada há apenas dois anos, possa desempenhar um papel tão importante em termos globais e que as autoridades tenham chegado a destacar a nossa importância".

Não há dúvida de que assistimos ao surgimento de uma nova e poderosa força. Cidadãos que antes não tinham voz em público usam agora os recursos baratos da internet para falar ao mundo sobre o drama que se desencadeou desde que o presidente Mahmoud Ahmadinejad foi declarado o vencedor das eleições presidenciais, resultado que muitos contestam. Na semana passada, o governo conseguiu coibir o emprego da internet e das mensagens de texto, mas o Twitter demonstrou que é quase impossível bloqueá-lo. O termo de busca mais comum no Twitter foi durante dias "#eleiçõesiranianas" - o "hashtag" (forma de organizar os tópicos) das discussões sobre o Irã -, enquanto a imprensa internacional dependia e continua dependendo das informações e das imagens divulgadas por cidadãos via Twitter.

Mas, apesar de todas as suas promessas, existem limites precisos para o que Twitter e outras recursos da internet, como o Facebook e os blogs, podem fazer por cidadãos de sociedades autoritárias. Os 140 caracteres permitidos em um tweet não representam o fim da política como a conhecemos - e às vezes podem até se revelar um instrumento útil para os regimes autoritários. Por maior que seja a sua profusão, os tweets não podem obrigar os líderes iranianos a mudar seu curso, como o aiatolá Ali Khamenei, o líder supremo do país, deixou claro na função religiosa da sexta-feira em sua dura repreensão aos manifestantes. No Irã, como em qualquer parte do mundo, se uma verdadeira revolução se desencadear, terá de ser offline.

Em primeiro lugar, a própria arquitetura interna do Twitter impõe limitações ao ativismo político. Há tantas mensagens pipocando a cada momento que será difícil que uma, especificamente, seja ouvida. E o limite de 140 caracteres - que constitui em parte o charme do serviço e o segredo do seu sucesso - restringe um argumento bem sustentado e suas nuances. De fato, "dê-me a liberdade ou então dê-me a morte" totaliza 41 caracteres, mas todo o discurso de Patrick Henry (um dos líderes da Independência americana) ultrapassou as 1.200 palavras. O mais emocionante é o efeito desse discurso em sua totalidade e o que ele revela a respeito do espírito do momento, mas ele se dirige a uma população de usuários ricos, que falam inglês e de bom nível acadêmico. O mesmo se aplica à blogosfera e às redes sociais como o Facebook.

Em segundo lugar, os governos ciosos do seu poder também podem usar o ciberespaço para reprimir quando se sentem ameaçados. O Estado iraniano tem uma das censuras online mais formidáveis do mundo. Somente na semana passada, as autoridades bloquearam o acesso ao YouTube, ao Facebook e à maioria dos sites mais citados pelos segmentos reformistas da blogosfera farsi. Reforça essa censura com a vigilância e a ameaça de prisão a quem se manifesta. Mesmo que o governo não consiga bloquear o discurso político ou a organização social, a possibilidade de retaliação futura pode apavorar os ativistas e os críticos mais devotados.

Paradoxalmente, a "liberdade de gritar" online pode na verdade até mesmo ajudar os regimes autoritários, servindo de uma espécie de válvula de escape política. Quando a dissensão é canalizada no ciberespaço, pode manter os manifestantes longe das ruas e ajudar as forças de segurança do Estado a perseguir ativistas políticos e as novas vozes online. Como disse na semana passada o ativista egípcio Saad Ibrahim, em defesa da democracia durante uma discussão no Instituto da Paz em Washington, isso parece fazer parte de uma longa tradição dos governos do Oriente Médio, principalmente no Egito, onde as divergências são canalizadas para as universidades e podem até florescer, desde que nunca ultrapassem os muros dessas instituições.

Em terceiro lugar, a blogosfera não está limitada a ativistas jovens, liberais, contrários ao regime; os simpatizantes do Estado mostram-se cada vez mais ativos na briga pela supremacia online. Nossa pesquisa na blogosfera iraniana mostra que os conservadores políticos e religiosos estão tão em evidência quanto os críticos do regime. Embora a blogosfera iraniana seja, na realidade, o foro no qual as mulheres falam dos seus direitos, os jovens criticam a polícia da suposta moralidade, os jornalistas lutam contra a censura, os reformistas pressionam pela mudança e os dissidentes exigem a revolução, é também o foro em que se elogia o líder supremo, se nega o Holocausto, se defende a Revolução Islâmica e se celebra o Hezbollah. É ainda o foro em que os grupos de estudantes islâmicos se mobilizam e líderes favoráveis ao establishment, como o presidente Ahmadinejad, procuram o contato com o seu eleitorado. Nossa pesquisa mais recente sugere que, no ano passado, o número e a popularidade dos blogueiros islâmicos e politicamente conservadores cresceram em relação ao dos reformistas seculares, talvez em razão dos acontecimentos que levariam às eleições presidenciais.

O bate-papo online tem um valor enorme por oferecer uma janela para uma sociedade que, de outro modo, ficaria fechada. Mas, no Irã, grande parte das conversações pela internet não tem absolutamente nada a ver com política ou revolução. A religião é o tema principal dos blogueiros - e não necessariamente a política da religião, e sim seus aspectos históricos, teológicos e pessoais. E qual é o tema mais frequentemente discutido nos blogs iranianos? A poesia.

Os regimes autoritários também estão impacientes por utilizar a internet para difundir sua própria marca de ativismo político. No Irã, por exemplo, a Basiji, uma força paramilitar voluntária sob a autoridade da Guarda Revolucionária, prometeu criar 10 mil blogs para combater o que definiu como elementos estrangeiros que tentam promover a revolução online. (A iniciativa acabou fracassando.) Os partidários do governo também realizaram ataques cada vez mais sofisticados a sites populares em farsi, por considerar que não defendiam suficientemente o governo ou não criticavam as ações de Israel na Faixa de Gaza, no inverno passado.

Na Rússia, pessoas que apoiam a renovada afirmação geopolítica do país lançaram ataques online a críticos do governo. Durante a Revolução Laranja na Ucrânia, em 2004 e 2005, os sites dos que protestavam foram invadidos e temporariamente fechados. O mesmo aconteceu em 2007 com os sites oficiais do governo e dos bancos na Estônia, depois que o governo do país decidiu mudar um monumento da era da Guerra Fria, que homenageava soldados soviéticos, de lugar. Imediatamente antes do conflito do ano passado entre a Rússia e a Geórgia, foram realizados os chamados DDOS (Distributed Denial Of Service, ou ataques de negação de serviço) contra sites do governo georgiano. É quase impossível saber quem é responsável por estes atos, mas, na Estônia, o movimento da juventude Nashi, pró-Kremlin, reivindicou a responsabilidade pelos ataques.

Na China, o governo ajudou a treinar e financiar um grupo que se infiltrou nas salas de bate-papo chinesas e em fóruns da internet a fim de combater as discussões contrárias ao partido. Chamados em seu conjunto de "partido dos 50 cents", por causa do pagamento que supostamente recebem para cada postagem favorável ao governo, esses policiais cibernéticos procuram boletins populares e tentam torcer as discussões que poderiam criticar o Partido Comunista ou a política do governo.

E, apesar disso, as conversas no Twitter continuam. Enquanto países como o Irã reprimem os discursos e a organização online, os assíduos da internet encontram maneiras de burlar os controles estatais. No Irã, assim como na China, Mianmar e em partes da ex-União Soviética, está ocorrendo um verdadeiro processo "liga e desliga", em que os cidadãos falam e o Estado reprime.

Evidentemente, os governos sempre têm uma espécie de opção nuclear a respeito da rede: fechá-la e mantê-la fechada. Foi o que aconteceu em Mianmar quando os monges foram para as ruas em 2007. É a política usada pela Coreia do Norte e por Cuba, onde poucos têm acesso à internet, em geral para fins muito limitados.

No entanto, a maioria dos governos autoritários parece mais ambivalente. Eles temem as repercussões políticas do amplo uso da internet, mas temem também as consequências econômicas e políticas de uma proibição ainda mais rigorosa.

Basta ver o bloqueio e desbloqueio constante do Facebook no ano passado, no Irã. Quando o site funciona, os cidadãos usam-no como uma ferramenta efetiva de organização em favor do candidato da oposição - no caso atual, os 65 mil integrantes do grupo favorável a Mir Hossein Mousavi. O Estado então começa a se irritar com a força dessa ação coletiva e bloqueia o acesso ao Facebook. Depois de algum tempo, muitas pessoas reclamam porque a proibição é suspensa para em seguida voltar a vigorar.

O mesmo acontece na China, onde nos últimos quatro anos, a Wikipedia foi bloqueada e desbloqueada, e onde recentemente o Twitter e o YouTube foram fechados por ocasião do 20º aniversário da repressão na praça de Tiananmen.

Então, quem vencerá? Estarão os regimes militares dispostos a conceder ao seu povo a autonomia decorrente do acesso irrestrito à internet? Ou estes regimes submeterão a rede à sua vontade exercendo a censura, a vigilância e a propaganda?

Com tantos indivíduos capazes de burlar os esforços do governo para bloquear a comunicação online, particularmente através do Twitter, é surpreendente que o governo iraniano não tenha fechado completamente o acesso à internet. Do mesmo modo, como descobrimos em nosso recente estudo da blogosfera árabe, o governo egípcio tolera uma ampla atividade dos blogs por parte da Irmandade Muçulmana, e proíbe suas outras atividades. Os chineses abrandam frequentemente suas normas mais rigorosa sobre o uso da rede, ao longo do tempo. E a junta militar de Mianmar não mantém a internet desligada por muito tempo. Recentemente, quase todos esses regimes preferiram deixar a internet mais aberta do que fechada, e depois trataram de regulamentar atividades específicas que consideram perigosas.

Afinal, parece que as pessoas que vivem em regimes autoritários como o do Irã são tão viciadas em internet quanto todos nós. Muito embora em geral os governos reprimam, não podem manter a internet fechada por muito tempo sem uma forte reação dos cidadãos. As autoridades iranianas têm o poder de fechar a internet da mesma maneira como já fecharam os jornais reformistas, mas talvez estejam mais preocupados agora com a possibilidade de que qualquer ação empurre aqueles que estão apenas assistindo - ou blogando ou twittando - para junto das multidões de manifestantes que já estão nas ruas.

*John Palfrey, Bruce Etling e Robert Faris, são pesquisadores do Centro Berkman da Universidade de Harvard a respeito de Internet & Sociedade - artigo publicado originalmente no Washington Post.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Copa 2010: prato cheio para quem gosta de adrenalina na veia!

Vou aqui falar de coisa bem séria para boa parte dos brasileiros: a Copa de 2010.

Faz tempo que estou lá muito afastado do dia-a-dia do futebol, apesar de, sempre que possível acompanhar o programa Jogo Aberto Rio, 12:30, na Band. Morro de rir com as palhaçadas.

Mas, ano que vem, Copa do Mundo na África do Sul, Mandela nas últimas, eleições no Brasil, seleção brasileira, sempre favorita mesmo que isso seja algo construído (favoritismo...). De fato, é favorita, mas com Dunga no comando acho que o que salva é o Jorginho de auxiliar...

Podem anotar: até podemos ganhar o caneco pela sexta vez, mas serão sete sufocos consecutivos e pré-enfartes de muita gente, porque o tal do Dunga não é técnico, ele é um ex-jogador tendo sua primeira experiência como técnico. Tem sorte nas mudanças que faz durante jogo, isso é importante. Mas tenho dúvida se é ele ou o Jorginho.

Agora, se fosse o Brasil treinado por um Felipão, podia reservar espaço para a taça. Se o Felipão não topasse, chamava o Vanderlei, o Murici, o Mano Menezes até, que dava jeito... mas com o Dunga pode até ganhar, mas não é favorito a nada e os sufocos perante a África do Sul e os EUA, seleções fracas tecnicamente mas com bastante disposição, mostram que o caminho do hexa é árduo.

Como parece que, depois de ganhar a Copa América e a Copa das Confederações, nós vamos de Dunga como técnico, vou torcer para que o Jorginho esteja iluminado...

domingo, 28 de junho de 2009

A debatida "queda" da exigência do diploma de jornalismo para atuar como jornalista...

Não vejo a tragédia que a categoria dos jornalistas pinta (fim de faculdades, da profissão, coisas que andei ouvindo...). Acho que continuam tendo um mercado de trabalho, que já tinha seus problemas de saturação (acredito que desde a criação da legislação, que não é lá muito antiga...) e que essa necessidade de diploma já era ignorada pela prática das empresas (me parece que apenas 10% dos jornalistas em atividade não posseum um canudo em faculdade de comunicação social, logo, nada tão exagerado quanto a reação dos que possuem, um grito corporativista derrotado). Enfim, é um papo interessante e que não se resolve em uma mensagem, mas acho que através da troca a visão se amplia. Algumas perguntas interessantes para que os jornalistas reagentes respondam:

1- Você se sentiu prejudicado enquanto (a) um profissional, um jornalista, (b) como parte de uma categoria ou (c) ambos? Ou seja, existe alguma separação essas esferas no sentido de entender a perspectiva particular e a perspectiva de quem ainda não está no mercado de trabalho? É uma questão que afeta hoje quem tem uma trajetória profissional ou é um discurso corporativista (não estou dando qualquer valor, nem mesmo acredito que seja pejorativo o termo corporativismo)?

2- Até que ponto o STF apenas decidiu com base em uma prática do mercado de trabalho de "produção de notícias"? E até que ponto isso não é positivo, tendo em vista que as leis no Brasil geralmente não tem lá muito "pé na realidade"?

3- Será que a imagem negativa do Gilmar Mendes perante a opinião pública, hoje, não favorece uma crítica a derrubada da exigência de diploma? Essa mudança afeta muito o mercado de trabalho? Será que as "outras áreas" estão lá tão interessadas em postos jornalísticos ou não tem seus campos de trabalho? Será que não é apenas um ou outro profissional de economia, história, ciências sociais, direito, serviço social, entre outras, que teria interesse em trabalhar como um jornalista? Não seria mais exceção que regra essa possibilidade para as "outras carreiras"?

Muitos jornalistas que escrevem contra a medida adotada pelo STF, colocam exemplos abstratos das conseqüências danosas que as cidades de menor porte sofrerão com a intensifcação do coronelismo e do clientelismo. Entretanto, a tal "exigência" já não dizia muita coisa. Por exemplo, no caso concreto de Nova Friburgo, que vivencio, há uns quinze, vinte anos atrás, a cidade tinha uns sete jornais (180 mil habitantes) com relativa frequência de circulação.

Hoje só existe um jornal, A Voz da Serra, que circula de terça a sábado, no mais são veículos distribuídos gratuitamente com captação de alguma publicidade.

Este jornal, sai governo, entra governo, continua recebendo as verbas de publicidade e, quando isso deixou de acontecer foi por conta da primeira eleição de Saudade Braga, que "destinou" as verbas de propaganda oficial para outro jornal (Panorama).

No segundo mandato da prefeita, o A Voz da Serra voltou a ser o destinatário de algo em torno de R$ 280 mil / ano.

Isso é por demais pernicioso em vários aspectos. Não há "outra voz" na cidade, o jornal praticamente não emprega jornalistas, não tem um departamento comercial estruturado (logo, abertamente, o dono, um senhor já, diz abertamente que só quer trabalhar com governo...). Se em Nova Friburgo é assim, o que falar de rincões que sequer um jornal existe.

Por outro lado, acho também que rola um certo imobilismo em torno dos oligopólios (nos grandes centros isso é compensado, me parece, pelo grande número de títulos de revista, mainstream ou alternativos, que saem a cada instante...) e das empresas mais tradicionais vinculados ao poder político local (nas cidades de interior deste Brasil).

Parece haver uma disputa corporativista entre os donos das empresas de mídia e os jornalistas, que não demonstram força corporativista frente aos empresários de mídia e isso faz parte do mundo hoje. O que quero dizer é que dificilmente os jornalistas vão conseguir se organizar e protestar por algum tempo, tendo em vista que protestos coletivos clássicos em torno de conquistas trabalhistas setoriais andam um tanto em baixa, ao contrário de outros (como, no caso mais recente, do Irã em relação à eleição deles). Mas nada impede que aconteçam...

Outra coisa, eu atuo numa área totalmente desregulamentada! As ciências sociais não tem conselho, não tem nada, o sindicato até existe, mas não tem qualquer força, até porque o patrão principal é o próprio Estado por meio das universidades. Quem atua no mercado como cientista social atua como consultor. Logo, para mim, basta o diploma, porque duvido muito que alguém tenha a pachorra de se debruçar sobre o que leio, se bem, que de vez em quando aparece um honoris causa, notório saber, como em qualquer área... Ah! Eu não tenho interesse em concorrer por vaga em qualquer veículo tradicional de mídia. Evidente que se for convidado as coisas mudam de figura, mas bater na porta no, no, no!

Evidente também que as empresas hoje tem muito mais força que no passado quando estavam adestradas pelo Estado ditatorial no Brasil e também muito mais força do que os que trabalham para elas. Afinal, me parece que a categoria não pretende fazer greve, primeiro pelo resultado duvidoso e, segundo, porque todos tem que se sustentar. O que não falta é gente querendo ser castrada por editores para ganhar um salário bem acima da média nacional...

Os jornalistas acham um absurdo porque "a informação hoje é estratégica" (e eles seriam uma espécie de garantidores?). Ora, quem não lida com informação hoje? Isso não é exclusividade do jornalismo. O que o jornalista produz é notícia, matéria, recorte da realidade!

Falam também do impeachment do Collor, que seria impossível sem a atuação dos jornalistas...tudo bem, mas quem define a linha editorial são as empresas, logo, não foram os jornalistas simplesmente que derrubaram o Collor (ou fizeram-no renunciar...), mas a orientação dada pelas empresas jornalísticas e suas editorias!

Por fim, a formação acadêmica, talvez, seja o ponto principal da questão que estamos debatendo e aí quando fala-se em uma reforma universitária mexe-se em outro vespeiro de corporativismo docente...

A idéia de não precisar do diploma de jornalista não coloca apenas "profissionais não especializados que vivem de bico" como muitos jornalistas colocam. Vejo isso como uma simplificação grosseira ou uma perspectiva claramente pessimista enquanto uma possível tendência.

Queria saber quais são os principais teóricos da comunicação, pois, posso até mudar de opinião sem problemas, mas vejo que a comunicação, como a administração, se apropria de conhecimentos de outras áreas acadêmicas que produzem teoria, como as ciências sociais, a psicologia e a economia. Isso não é qualquer demérito e reflete apenas o sistema universitário brasileiro. Aliás, lá fora, parece que sequer existe graduação em administração e em jornalismo?

O que seria adequado, a meu ver, é que a área de humanas tivesse uma formação básica conjunta e que depois se especializasse, mas aqui é tudo fragmentado...

Quanto à Escola de Frankfurt me poupem os que usam essa base teórica! Fico espantado como ainda tem gente boa usando Adorno e Horkheimer como referência depois de já ter sido provado que não tem qualquer pé na realidade atual. Fora o Walter Benjamin, tudo que foi escrito pelo Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt virou museu, o que, aliás, me parece ser uma das fraquezas dos formados em comunicação no Brasil que trazem ainda uma forte influência destes teóricos...

No mais, essas reflexões foram tiradas de vários e-mails que tenho trocado ultimamente, são fragmentadas, incoerentes e abertas a críticas.

E mudo de opinião quando quero e quando menos esperam... fiquem a vontade para usar os comentários!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Ainda o trem em Nova Friburgo, me espantando cada vez mais

O que me espanta na mudança de projeto que foi determinante para levar o atual prefeito de volta a Prefeitura Municipal de Nova Friburgo é a ausência de qualquer indício de que esse "novo" projeto (agora seria um VLT, veículo leve sobre trilhos, ao invés de um trem sobre o rio Bengalas, que anda de muleta...) será discutido com a população de Nova Friburgo, em especial com as pessoas residentes no trajeto do obsessivamente pretendido trem.

Acho essa questão de fundamental importância, tendo em vista de que, quem vai pagar a conta ou parte dela, dependendo da parceria interessada (e quem hoje estaria interessado em "investir" nisso aqui em Nova Friburgo?) é exatamente a população: se não for na construção, será no retorno no investimento (ao pagar a passagem).

Se antes já achava importante, mesmo que o argumento pudesse ser de que a população votou no então candidato por conta, principalmente, da sua audaciosa proposta de um trem sobre o rio...

Agora que o projeto mudou, nada mais justo que colocá-lo em uma discussão pública e de renovar os votos. Afinal, parece que a obra só será concluída em um futuro governo e não neste...

Entretanto, parece que a postura do governo, infelizmente, não é essa... o que podemos fazer neste sentido?

Acho que nosso grande problema são as atividades de cada um que está inconformado individualmente, que discorda claramente, que não enxerga viabilidade desta obra, mas que não encontra tempo, em conjunto, com os demais de organizar qualquer mobilização que seja forte o suficiente para ser eficaz, envolvendo pessoas da cidade que não debatem aqui.

A esfera do Orkut é mais no sentido de informar, de colocar algumas faíscas, mas fogo mesmo é a rua... Este é o desafio de quem opina no Orkut, de se colocar na esfera pública, tendo em vista que determinadas questões somente são ouvidas da forma mais tradicional possível.


domingo, 21 de junho de 2009

Quero sua risada mais gostosa...

Como é bom rir, rir de qualquer maneira, de qualquer coisa, para qualquer um, apenas rir, desintoxicar, alegria, alegria!

É assim que me sinto HOJE!

E é maravilhoso poder dizer isso, quando vejo que tem um monte de gente que só reclama de tudo e de todos, ou seja, um monte de gente chata no mundo, dessas pessoas que não conseguem parar de reclamar para poder respirar, olhar ao redor, parar um, dois, três minutos que sejam e pensar se não vale a pena viver sem reclamar por um dia só, se não vale a pena pensar naquilo que está valendo a pena nesta vida.

Adoro ser piegas de vez em quando, como nesta postagem!

Ninguém é sempre sério o tempo todo e eu não posso ser diferente, afinal eu sou alguém, só um!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Em Nova Friburgo, um trem que não saiu da maquete...

Hoje não pude deixar de registrar uma rápida reflexão. Tenho me imposto uma quarentena para falar sobre o atual governo municipal de Nova Friburgo.

Além do fato de ter trabalhado na campanha derrotada de Olney (configuração do programa de governo + pesquisas de opinião), o meu foco atual em terminar o mestrado e prosseguir na vida acadêmica consomem boa parte do meu tempo. Gostaria de contribuir com mais freqüência com o debate público, mas faço dentro de minhas possibilidades atuais de vida.

O fato (
http://in360.globo.com/rj/noticias.php?id=3027) do atual governo assumir a inviabilidade do que foi apresentado como certo e principal projeto de sua plataforma de campanha vitoriosa no ano passado me leva aos seguintes pontos:

1- O atual prefeito é uma fraude eleitoral. Afinal, nada do que ele propôs nas peças de comunicação de sua campanha está sendo colocado em prática. Pelo menos até agora, não se vê sequer sinal de que suas principais bandeiras de campanha serão realizadas.

2- A equipe de governo parece ter caído de pára-quedas na Prefeitura. Um projeto como esse, que foi âncora da campanha eleitoral do então candidato, que na época era tecnicamente viável e possuía inclusive parcerias com empresas interessadas em investir no projeto, HOJE se mostra inviável e sem qualquer parceria... estranho, né?

3- Tendo a acreditar que a população de Nova Friburgo se apresenta totalmente dissociada do que vem acontecendo e que votou no atual prefeito como uma forma de galhofar da política institucional, da política eleitoral e, assim, mostrando, de certa forma, a falência das atuais instituições políticas democráticas. Por que falo isso? Cansei de escutar pessoas durante o período eleitoral dizendo (rindo disso como piada) que “voto no velhinho porque quero andar de trenzim”.

4- Entretanto, me parece que são esses os nomes que irão comandar o município de Nova Friburgo por mais três anos e meio, a princípio, salvo algum fato grave (o que não me parece ser lá muito difícil de ocorrer) tire o prefeito e coloque o vice (o que tenho dúvidas se seria lá muito benéfico). Enfim, temos mais três anos e meio de angústia ou de possibilidade para que a população de Nova Friburgo comece a levantar a voz, a se entender em torno de uma sociedade civil organizada de forma supra partidária que consiga construir um ambiente mais democrático na cidade. Eu acho que essa possibilidade é uma utopia que deve ser buscada senão a angústia dominará e, em 2012, algum (novo) messias pode retornar e dar continuidade a uma alternância perniciosa.

5- A questão incômoda: que novas lideranças existem em Nova Friburgo hoje? Caso existam, quais destas lideranças teriam potencial para desenvolver um projeto de radicalização democrática? Infelizmente, hoje, eu não vejo ninguém, tendo em vista que não considero que Gláuber, Olney ou mesmo Verly estejam neste nível, por diferentes razões. Apesar disso, eles podem se credenciar a um projeto deste nível, mas até hoje ainda não mostraram sinais de que isso possa ser possível em suas trajetórias... a largada para 2012 está dada e as peças estão na mesa.

domingo, 14 de junho de 2009

O entendimento da complexidade das práticas cotidianas como desafio para a eficácia da comunicação em prol da sustentabilidade planetária*

Os campos do consumo e da vida cotidiana atualmente remetem a uma espécie de purgatório global das questões ambientais. Isso faz sentido quando analisamos as estratégias e peças de comunicação ou os produtos simbólicos midiáticos que incentivam algumas mudanças individuais cotidianas “simples” (serão mesmo simples?) como forma de enfrentar a complexa “crise ambiental” a fim de gerar um contexto de possibilidades para a sustentabilidade planetária.

Este artigoinsightreflexão possui um argumentoprovocação aberto a trocas virtuaisreaisatuais futuras que contribuam para uma maior eficácia da comunicação em promover a realização de uma (ainda) utopia sustentável. Inicialmente, parto das seguintes questõesincômodos:

1) As comunicações contemporâneas que procuram promover sustentabilidade estão em sintonia com as práticas sociais cotidianas de indivíduosconsumidorescidadãos, considerando que, predominantemente, posicionam o campo do consumo como uma esfera de ação de indivíduospecadoresculpados que conspiram contra a redenção mundial “necessária” para salvar o planeta?

2) A elaboração de campanhas publicitárias e produtos simbólicos midiáticos que pretendem promover sustentabilidade considera, por exemplo, a produção de identidade, hostilidade, distinção e reconhecimento social, entre outros, pelos indivíduosconsumidorescidadãos como dimensões inerentes ao campo do consumo?

3) Os indivíduosconsumidorescidadãos são heróis, vilões ou nenhum dos dois?

No atual contexto de “crise ambiental” fica evidente uma mudança de status dos indivíduosconsumidorescidadãos. Se até a década de 1980, éramos(!?) meras vítimasmanipuladas pelos meios de comunicação e publicitários, atualmente aparecemos(!?) como pecadoresresponsáveis pela reversão do agravamento da crise ambiental na recente cruzada mundial empreendida pelos governos, empresas e organizações não governamentais em prol da salvação ou sustentabilidade planetária.

Esta transição pode ser percebida se atentarmos para como que “nunca antes neste” planeta se comunicou tanto — e geralmente de maneira urgente, obrigatória, necessária, moralista e global — sobre as ações “simples” que cada indivíduoconsumidorcidadão podedeve adotar a fim de salvar o planeta em que habita.

Um resultado deste processo, iniciado no Brasil a partir da RIO92, pode ser percebido tanto no consenso sobre (o aumento d’) a gravidade da “crise ambiental” e na inércia de ação em uma esfera macroglobalinstitucional, quanto em um aumento dos dilemas dos indivíduosconsumidorescidadãos nas micro-esferas da vida cotidiana.

“Todos nós” estamos imersos neste fogo ardente criado em torno de indivíduosconsumidorescidadãos que somos, não?

Desta forma, será que esta visão mais holísticareflexiva, de que estamos todos juntos nesta canoa furada não significa romper com um certo maniqueísmo entre “bom” e “mau” que é “necessário” para a manter a ordem, pelo menos a cosmológica, tão cara ao mundo ocidental? Ao mesmo tempo, será que a nova (des)ordem mundial já não está fazendo isso na prática (e na marra...), ao mostrar que, como canta Caetano, “alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial”?

Não tenho as respostas agora, felizmente(!), mas ficarei satisfeito se conseguir gerar uma reflexão em indivíduosconsumidorescidadãosprofissionais atuantes no mercado de comunicação, mesmo que discordem do argumento (isso faz parte!). Dada a importância destes indivíduosconsumidorescidadãosprofissionais (que imagino serem vocês que lêem este artigo) em um contexto de “crise ambiental” global, acredito que a reflexão vale a pena. Afinal, quem produz as comunicações deste teatro messiânicoeletrônicomaniqueístacontemporâneo?

Ora, o segmento de comunicação já procura entender as práticas cotidianas dos indivíduosconsumidorescidadãos para a comunicação de mercado em setores como alimentação, bebidas, higiene e limpeza, entre outros. Isso acontece com a incorporação de metodologias inerentes à antropologia, em especial a etnografia e a observação participante, que parecem ser as “bolas da vez”. Esta incorporaçãoapropriação não constitui novidade. As principais “inovações” de marketing e comunicação derivam das ciências sociais, seja na interpretação dos dados quantitativos ou da realização de pesquisas comportamentais, até a década de 1970, passando pela realização de grupos focais e valorização simbólica nas décadas de 1980 e 1990.

Logo, por que não pensar também no (atualmente badalado) etnomarketing das práticas cotidianas de consumo relacionadas ao agravamento da “crise ambiental”? Trata-se de uma provocação consciente em prol do planeta... Da mesma forma, porque não aplicar conceitos (ou seriam modas?) como “comunicação integrada”, “total” ou “global” na promoção da sustentabilidade planetária?

Onde quis chegar com este artigoinsightreflexão?

(1) Na importância dos profissionais de comunicação e marketing; e

(2) Na existência de um descompasso entre a comunicação de ações em prol da sustentabilidade planetária e a vida cotidiana dos indivíduosconsumidorescidadãos que recebem estas mensagens.

Afinal, quando se comunica uma mensagem de uma forma equivocada, o indivíduoconsumidorcidadãoreceptor — que não é burro, nem idiota — não “compra” a idéia e, no caso em tela, não a coloca em prática. Quem comunica já sabe disso. Então, não está na hora de mudar a comunicação para esses indivíduosconsumidorescidadãos? Ou é melhor continuar “enxugar o gelo”?

Certamente não serão as peças de comunicação ou os produtos simbólicos midiáticos que irão resolver a “crise ambiental”, muito menos os indivíduosconsumidorescidadãos, mas, pelo menos, as comunicações em prol de um mundo sustentável podem se transformar em uma frente de luta eficaz para as tais “mudanças nos estilos de vida”. Se, junto com isso, os debates transnacionais e intersetoriais em uma esfera pública ampla e ampliada se tornarem uma prática contínua ao invés de pontuais encontros globais midiatizados, quem sabe as luzes ao final do túnel se tornem a esperança de que “dias melhores virão”?


* artigo publicado no site Nós da Comunicação em 18/6/2009 (http://www.nosdacomunicacao.com/panorama_interna.asp?panorama=137&tipo=G#)