domingo, 28 de setembro de 2008

mais uma eleição festiva em nossa vida curta vida e nada da sociedade civil organizada aparecer...

Estamos a uma semana de mais uma festa bianual da democracia representativa no Brasil. Sim, bianual, pois de dois em dois anos passamos por este ritual festivo, que envolve propaganda, trabalho temporário, muita grana, rituais, e festa para os que ganham, esperança de novos tempos, desilusões que se renovam, enfim, não faltam perspectivas.

Enfim, desta feita são mais ou menos 5,5 mil festas acontecendo ao mesmo tempo no Brasil.

O que não se sabe é se o povo (essa categoria tão contestada) sairá de ressaca e conseguirá prosseguir...

Normalmente o povo consegue prosseguir, trabalhar na segunda-feira depois de encher a cara no final de semana (afinal, qual problema?) e ainda pagar as suas contas em dia (não dizem que o povo é bom pagador?).

E nesta festa, o povo acaba ganhando para desempenhar papéis invisíveis de segurar placas e distribuir panfletos, gritar em comícios e se divertir como em toda festa pagã.

Uma festa que dura três meses...

Tem gente que vive de fazer festas como essa... e qual o problema? O povo trabalha nela e logo depois tem que se virar para (sobre)viver no tempo que existe até a outra, em torno de um ano e nove meses...dependendo do que fará nela...

Enfim, a festa que mais assisti neste ano foi a que aconteceu em Nova Friburgo. Até fui convidado para participar, aceitei e trabalhei nela durante sete meses, entre janeiro e agosto, como um técnico contratado, aproveitei, gostei, me diverti, me estressei (como em qualquer festa que se organiza...). Talvez tenha servido para extirpar minhas últimas esperanças na política tradicional, que já foi tema de uma postagem anterior.

Por fim, resolvi sair à francesa da ala da festa em que estava porque tinha que me dedicar a trabalhos já comprometidos, sonhos assumidos que não posso deixar para trás, paixões antigas que mexem sempre conosco...acredito que tenha sido bem entendido, assim como devo ter sido importante para que o lado da festa fosse bem alegre e esperançoso.

Fora a ilusão e fantasia da festa em si, creio (tenho esperança sincera neste sentido, por mais que pareça sacanagem...) que depois do pleito eleitoral, a sociedade civil bem que poderia se organizar para cobrar as sandices e propostas possíveis (estas últimas sempre em menor número ou menos apreciadas que as primeiras...mas gente é uma festa e tem gente que quer falar sério? Pega leve!) prometidas em tempos festivos.

Se organizar para cobrar, fica parecendo essa estória de participar, de cidadania, de democracia, que ainda não estamos muito acostumados...aliás, que sequer sabemos se pode-se falar disso no país em que vivemos dentro deste mundo em que estamos.

Seria muito bacana se tivéssemos um festão democrático após a eleição, que toda essa importância atribuída ao eleitor, fosse dada também ao cidadão, considerando que são as mesmas pessoas...ou são diferentes?

Ao eleitor tudo, toda sensação de que pode tudo que quiser, e ao cidadão nada, nem informação nem espaços abertos para participação...

Afinal, queremos ser eleitores ou também existe o desejo de sermos cidadãos, de instituir (ou construir) um ambiente democrático nesta sociedade brasileira que se diz (recém) democrática?

Porque se quisermos ser uma democracia, de fato, cabe um papel importante a tal da sociedade civil (um conceito ambíguo em nosso país, particularmente nem sei se existe...), que essa sociedade civil se organize e participe.

A pergunta fatal: quem é que está a fim de participar depois da ressaca de uma festa que mais parece um carnaval eleitoral?

Será que a representação política em nosso país reflete sua dinamica social?

São questões e perguntas que vivo me fazendo e que compartilho com vocês...

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