quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Morte ou transbordamento da política?

Estou a ler o livro Sociedade de risco global, do sociólogo alemão Ülrich Beck. Além de ser uma leitura interessante sobre a sociedade em que vivemos, também usarei na fundamentação teórica de meu projeto de mestrado.

Vou aqui, de forma desordenada, tentar abordar uma questão que este autor apresenta, que acaba por contestar a visão apocalíptica de uma certa crítica cultural, muito relacionada com o marxismo, que enxerga a morte da política ou um "beco sem saída". A contestação se dá através da observação de Beck acerca do que ele chama de "subpolítica", que consiste em uma espécie de transbordamento da política para esferas que até vinte, trinta anos atrás eram consideradas "à parte" do jogo político.

Neste sentido, a política no mundo atual invade o cotidiano, a família, a vida privada, a economia, as empresas, enfim, vai além da política institucional que pode ser observada nos parlamentos, sindicatos, entre outros. Logo, como falar em morte da política em um contexto como este?

Vou citar um exemplo claro que me veio à mente: a comunidade "Nova Friburgo" do Orkut. Grande parte de seus tópicos são referentes à questões políticas, tornando-se uma espécie de parlamento virtual onde a participação individual é livre e se faz de forma surpreendente para um prisma analítico que seja enviesado pelo pessimismo marxista.

Claro que Beck está vislumbrando um processo que está em seus primórdios, muito relacionado com os riscos e perigos que a radicalização da modernidade (ou seja, o sucesso da modernidade ao invés de sua crise ou dissolução...) oferece no que ele classifica como uma segunda modernidade na qual predomina globalização, individualização, revolução dos gêneros, subemprego e riscos globais como a crise ecológica e o colapso dos mercados financeiros globais.

Ah! Podem comentar...bom dia!

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