sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Paralelo Carlos Castañeda

Para o bem ou para o mal, o sobrenome Castañeda provoca muita polêmica e admiração, muitas vezes como reações combinadas. Quando criança, não curtia muito esse sobrenome estranho, tinha até uma certa vergonha, tanto que destacava mais o Araujo, meu outro sobrenome... como o nome Marcelo era recorrentemente comum, principalmente nos colégios o sobrenome era um complemento necessário.

Até meus 18 anos, o Castañeda permanecia invisível para mim, tendo vindo por parte de mãe, de um avô que não pude conhecer por sua morte precoce. Talvez tenha alguma relação com esta invisibilidade.

Entretanto, hoje o Castañeda se coloca muito mais visível nas minhas apresentações do que o Araujo. Essa mudança pode ser associada a descoberta da obra do antropólogo e escritor de literatura mágica, Carlos Castañeda.

Quando ingressei na graduação de Ciências Sociais na UERJ, em 1998, meu sobrenome abriu diversas portas (inclusive da percepção). Como já tinha lido parte da obra de Carlos, muito oportunamente me colocava como seu sobrinho-neto, pretenciosamente, em especial quando era uma gatinha que chegava puxando papo. E assim foi...

Hoje em dia não procedo mais nesta abordagem, muito mais por já ter uma gatinha companheira, mas também por não ter tido possibilidade de comprovar ou refutar o parentesco, logo melhor que o mistério se faça...

Também já vi Castañeda que foi Ministro da Fazenda do México (Jorge), jogador de futebol no Chile e em Honduras (aliás, país natal do meu avô Jorge Arturo...) e, recentemente, uma amiga minha confundiu o mail que passei para ela e acabou encontrando mais um, artista e poeta, chileno Castañeda...

A mística e maldição envolvendo o nome Castañeda pode atrair atenção de início, mas no ambiente acadêmico é motivo de muita desconfiança por parte da pretensão científica do clássico de Carlos A erva do diabo, sua tese de doutoramento em antropologia, cujo trabalho de campo deu-se no decorrer da década de 1960, versando sobre o uso de plantas alucinógenas por índios de Sonora (México).

Num certo natal, ali por 1993/4, estava eu a folhear este livro, lendo-o pela primeira vez, quando minha mãe olhou e disse que seu pai, Jorge Arturo, meu avô, tinha um irmão de nome Carlos que ela nunca havia visto... fiquei com aquilo na cabeça como álibi perfeito para me apresentar como sobrinho do "hômi".

Depois da vergonha e da onda, agora vem simplesmente que é somente um nome, que remete a uma lenda (Carlos)... a vida segue...

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