quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Edukators: todo coração é uma célula revolucionária!!!

No último sábado revi o filme Edukators: seus dias de fartura estão acabados (de Hans Weingartner, Alemanha / Áustria, 2004). Somente me confirmou a impressão inicial que tive: muito bom, revolucionário, romântico e individualista, tudo isso misturado.

Minha namorada não tinha assistido e me foi sugerido por minha orientadora de mestrado. Não me arrependi e ainda vou seguir a sugestão dela de utilizá-lo numa apresentação que farei em breve acerca da politização do cotidiano nos dias atuais.

Em lance rápido, o filme versa sobre dois amigos que se denominam como os Edukators e, além de participar de movimentos sociais econômicos anti-globalização, com características de boicotes, invadem casas de magnatas e, tendo o cuidado de não roubar / furtar qualquer objeto, (re)arrumam os móveis e tudo quanto mais é possível, como forma de assustar os ricos, chamando atenção para o consumo conspícuo, o que fica evidente na frase "Seus dias de fartura acabaram", normalmente colocada num envelope.

Evidente que, inserido como estou numa pesquisa sobre ações romântico-indivuidualistas que emergem no cotidiano da vida privada, em especial no consumo, o filme torna-se uma excelente referência a ser explorada.

Em determinada passagem acontece um debate intrageracional espetacular, simbolizando os conflitos entre a geração 1968 (novos movimentos sociais / ação coletiva : ecológico, feminista, étnicos, etc) e os "militantes" individualizados atuais.

A tônica dos sonhos que não se realizaram para os que vivenciaram 1968 e sua "conversão" ao conservadorismo se fazem presentes (aquela estória: se não for comunista antes dos 30 anos, trata-se de um desalmado, se persistir neste caminho após, é um burro... até o nosso presidente Lula filosofou recentemente sobre isso... gerando protesto entre aqueles que ainda estão em 1968...).

Por outro lado, todo um movimento político individualista e romântico que se desenvolve até que não se sabe onde podem ir os três jovens do filme, em seus dilemas sentimentais, que envolvem traição, lealdade, amizade, politização do cotidiano...

Sem querer lamentar ou não, a perspectiva apresentada retrata, de forma muito próxima, um quadro de relações que permeia grande parte das sociedades contemporâneas, onde "todo coração é uma célula revolucionária".

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