terça-feira, 7 de outubro de 2008

Os votos nos vereadores e uma análise preliminar dos eleitos em Nova Friburgo

Mesmo sabendo das possibilidades de mudanças no quadro de vereadores em decorrência dos prazos legais para aprovação de contas, procurei fazer uma análise preliminar do quadro que se apresenta após a apresentação dos resultados eletronicamente apurados. Essa análise compreende uma parte mais geral e outra mais voltada para o perfil da Câmara que assumirá no dia 1/1/2009.

Pelo resultado, me parece que a população de Nova Friburgo não estava lá muito satisfeita com os seus representantes...

Pelo cálculo matemático, 66,7% dos vereadores eleitos no domingo não estavam na Câmara na legislatura passada. Logo, uma renovação aconteceu, até porque dos oito que entram, acredito que cinco sejam estreantes. Minha dúvida é se Renato Abi-Râmia já foi ou não vereador, pois subiria para seis o número de estréias.

Se considerarmos os votos válidos em candidatos a vereador (109.728) e o total de eleitores (141.776), chegamos num percentual de 22,6% que não votaram em qualquer candidato - entre abstenções (14,13% do total), votos em branco e nulos.

Foram 8 (oito) vereadores sem votos, alguns deles estão impugnados, como Mário Aguilera (PDT), Tico (PPS) e Vanozinho (PSC), sendo que este último, caso seu recurso seja aceito, pode entrar na vaga que atualmente está com Roberto Wermelinger (PMDB) entre os eleitos.

Entre os vereadores que estão cumprindo seu último ano de mandato e não conseguiram se eleger relacionam-se:

Nami Nassif (PDT) – 2.273 votos
Cigano (PSB) – 1.715 votos
Mário César Folly (PSB) – 1.587 votos
Alexandre Cruz (PPS) – 1.371 votos
Professor Jorge Carvalho (PMDB) – 1.215 votos
Breder (PMDB) – 1.149 votos
Vanor Cosme (PSB) – 602 votos
João Padeiro (PP) – 367 votos

Vanor Cosme (PSB) está relacionado entre os oito pelo fato de a vereadora Jamila Calil (PSB) ter sido candidata a prefeita e o mesmo ser seu suplente imediato, bem como ter atuado durante dois anos no exercício da função legislativa.

O resultado mostra que não existe cristalização, ou seja, os candidatos que estavam já a várias legislaturas (alguns iam pra sexta) foram afastados do próximo período.

Por outro lado, casos de infidelidade partidária não foram bem-sucedidos e podem ser inclusive alijados de seus partidos.

Candidatos que defenderam o popular governo de Saudade ficaram de fora, sendo que Cigano (PSB) e Mário César Folly (PSB), em grande parte pelo reduzido poder de fogo de suas coligações proporcionais.

Casos de vereadores que eram apagados nas discussões da Câmara refletiram votos insuficientes nas urnas, que é o caso de nomes como Breder (PMDB) e João Padeiro (PP), bem como daquele que se irritava fácil, como é o caso de Alexandre Cruz (PPS) ou que trocou uma grande emissora de TV pela tribuna da TV Câmara, defendendo o governo, como líder, que é o caso de Vanor Cosme (PSB).

O caso do Professor Jorge Carvalho (PMDB) é mais emblemático de um fim de linha que tinha sido anunciado ao, na eleição passada, ter sido o suplente do renunciante Balbi. Caso Vanozinho (PSC) seja mesmo impugnado, mantém a suplência, só que agora de Roberto Wermellinger (PMDB). Vale dizer que tudo isso pode mudar com preenchimento de cargos no governo eleito, que não cabe nesta análise.
Aproveitando a questão midiática, enxergo que o fato de uma pessoa ter um certo espaço na mídia local, seja em jornal, televisão ou rádio não garante uma votação sequer razoável, o que mostra os casos de Osvaldinho (PDT – 462 votos – 62º lugar); Marcelinho Braune (PDT – 371 votos – 76º lugar); Alexandre Guerreiro (PT do B – 278 votos – 86º lugar); Arlete Protetora dos Animais (PRP – 271 votos – 87º lugar); Denise Lopes (PDT – 239 votos – 91º lugar); Ricardo Cler (PP – 179 votos – 104º lugar); Dr. Max (PMDB – 126 votos – 117º lugar). Claro que alguns dos eleitos aproveitaram a visibilidade midiática, caso de Marcus Medeiros (PTB) e Isaque Demani (PR).

Da mesma forma, comerciantes nem sempre são bem-sucedidos (Rosângela da Eletromóveis é um exemplo apenas...), assim como figuras que ocupam cargos em governo também mostram-se fracos de voto (Maria Amélia, Maria Dedé da Terceira Idade, Giuliano Aguiar), assim como candidatos de certas localidades (Samoel da Farmácia, apesar dos seus 1.905 votos ou 348 a mais que o último vereador eleito, Naim Pedro, Robson Heringer, Sérgio Gasolina – todos de Lumiar / São Pedro da Serra).

Enfim, apenas escolhi alguns casos emblemáticos, o que não se atribui a qualquer tipo de pinimba, considerando que alguns dos citados sequer conheço pessoalmente.

Falando dos que se elegeram:

Marcus Medeiros (PTB): apresentador polêmico da TVC, certamente mostra o lado bem-sucedido de alguém que tinha forte exposição na mídia. Apesar de suas posturas dúbias - de crítico do governo atual para um candidato de sua base - conseguiu uma votação excepcional, que atribuo ao seu carisma frente a população por sua atuação na TVC. De qualquer forma, em seu primeiro discurso passa a esperança de que mexerá em alguns vespeiros necessários, em especial nas concessionárias e na (necessária) fiscalização dos gastos governamentais. Por sua, digamos, flexibilidade e pragmatismo ideológicos tem grandes chances de assumir a presidência da Câmara e até passar a compor a base do governo eleito.

Serginho (PP): atual presidente da Câmara, certamente mostra o peso de vários mandatos nas chances de eleger um vereador. Não o conheço a ponto de poder emitir uma opinião, mas me parece estar sempre ao lado do poder, desde sempre, logo, é bem provável que passe para o lado do prefeito eleito, compondo sua base parlamentar.

Cláudio Damião (PT): considero uma das melhores novidades da futura legislatura. Combativo, de postura independente, se conseguir ponderar o discurso e articular com demais vereadores de mesmo espírito poderá fazer parte de um grupo influente em termos de fiscalização do poder executivo, bem como de proposições que atendam demandas coletivas.

Renato Abi-Râmia (PMDB): depois de várias tentativas concorrendo, de forma frustrante, a prefeito, chega a Câmara, fazendo parte da base atual do governo eleito. Pode ter chance de assumir a presidência da casa.

Marcelo Verly (PSDB): o mais inteligente vereador da Câmara atual, conseguiu sua eleição por meio de suas qualidades, que lhe garantem um posicionamento sério frente às questões que aparecem na Câmara. A tendência é que seja o líder da oposição ao prefeito atual em face das divergências públicas que acabaram levando Heródoto a sair do PSDB e ir para o PSC de onde se lançou candidato vitorioso a prefeito.

Professor Pierre (PDT): grata revelação, jovem e inteligente, além de bem articulado, vem carregando a bandeira da educação e do educacionismo. Junto com Marcelo, Cláudio e Édson Flávio pode formar um núcleo de oposição construtiva na Câmara.

Luciano Faria (PDT): não o conheço, trata-se de uma surpresa para mim. Espero que mantenha a linha do seu partido e que defenda os interesses da população.

Reinaldo Rodrigues (PPS): retorna à Câmara, não mais como campeão de votos, mas parece possível de compor a base do governo eleito. À conferir.

Manoel do Pote (PSB): tem o mérito de ser o único candidato do PSB que conseguiu continuar na casa. Entretanto, pelo perfil, tendo sido eleito no último pleito pelo PMDB, periga ir parar na base do governo eleito. À conferir.

Isaque Demani (PR): mais um exemplo de que aparecer na mídia pode render bons votos e até uma eleição. Não o conheço, nem suas propostas, mas a tendência é de ir para a base do governo eleito. À conferir.

Roberto Wermelinger (PMDB): mais um dos que continuam, era de uma oposição moderada em relação ao governo atual e fará parte da base do governo eleito, pode ser que como líder do governo na Câmara.

Edson Flávio (PR): uma grata surpresa, humilde, batalhador, trabalhou até o último instante e conseguiu uma vaga em grande parte graças a coligação em que estava inserido.

Além de pessoas mudaram as composições partidárias. As maiores novidades são a entrada do PR com duas cadeiras, o PTB com uma e o retorno do PT depois de 20 anos, com uma cadeira; o PDT ganha uma cadeira, ficando com duas, o PPS manteve sua cadeira, assim como o PSDB; o PMDB perde uma cadeira, ficando com duas; o PP perdeu uma cadeira, e agora tem apenas uma. Mas nenhuma perda foi maior que a do PSB, partido da atual prefeita, que perdeu três cadeiras e ficou reduzido a um vereador.

Colocado este quadro, resta-nos agora aguardar as negociações que começaram a ocorrer desde a última segunda para saber se a mudança das pessoas e dos partidos que nos representam pode ser apontada como uma renovação ou apenas uma dança das cadeiras.

Um comentário:

Fernando disse...

Bolão: Quem será o presidente da Câmara! R$ 10, na minha mão.

Fernando
http://aspas.blogsome.com

Ps.: Seu sistema de comentários é uma bunda, Marcelo... Nada pessoal!